7.1.09

Hoje, estou certo de ter vivido pois sei que o fiz sempre que estive contigo. Vivi naquelas tardes à beira-mar onde, na areia, deixámos pegadas de um projecto conjunto. Um projecto onde tu e eu construíamos, de raiz e com a força que jurámos ter sempre, uma vida de amor e entrega, simples, sincera, genuína. Um projecto feito de nós para nós e onde o “eu”, o mais egoísta dos pronomes, deixou de fazer qualquer sentido. Hoje, sei que vivi naqueles piqueniques, escondidos, que fazíamos em sítios que ambos sabíamos ser proibido mas onde nunca hesitámos estender a toalha e falar horas e horas, sem fim, pela noite dentro. Hoje, sei que vivi em todos os ramos de flores que te colhi em quintais e jardins alheios mesmo que para isso, muitas das vezes, tenha fugido sem olhar para trás não fosse eu apanhado por te amar tanto. “Doido”, chamavas-me tu e não deixavas de ter razão pois era, sou e sempre hei-de ser “Doido” por ti e só para ti. Hoje, sei que vivi sempre que te vi fazer aqueles barquinhos de papel que dizias seguirem, na água, o destino deles mesmos até que, simplesmente, se desfaziam tornando-se parte do rio. O mesmo rio onde, em subtis brincadeiras, atirávamos água um ao outro até que estávamos demasiado perto para não nos beijarmos…

 

E tudo passou, o teu barco de papel completou o seu caminho e tu tornaste-te parte do rio… tudo se desfez. Tudo, excepto a força que jurámos ter sempre e, hoje, sei que vivi porque me amaste, porque te pude amar, e não há areia onde não deixe pegada, nem quintal ou jardim onde não colha flores no caminho para o rio onde, logo após estender a toalha, vou mergulhar para te beijar… como antigamente. Hoje, estou certo de ter vivido pois sei que o fiz sempre que estive contigo e não me importo que me apanhem por ainda te amar tanto. Chama-me “Doido”…

 

 

Link Homem de Lata, às 23:33  Comentar

De marazul a 7 de Janeiro de 2009 às 23:41
Será que essa dedicação compensa, se não formos retribuídos? Love that is love do not end, is my conclusion. Uma Boa noite.

De Homem de Lata a 7 de Janeiro de 2009 às 23:56
Amar compensa sempre, nem que seja apenas para que tiremos ilações construtivas... No entanto, se formos retribuídos aí sim o amor será vivido em pleno. Mas concordo que um amor verdadeiro não deva ter fim! Boa noite e muito obrigado pela visita.:-)

De marazul a 10 de Janeiro de 2009 às 21:56
Infelizmente, não posso concordar contigo ::P... acho que amar não compensa sempre, especificamente se ñ fomos retribuídos... Qual é a piada de gostarmos de algúem que não gosta de nós? Só acabamos por nos magoar e fecharmo-nos mais... Amar compensa se formos retribuídos isso sim, aí somos felizes, somos nós!

De Homem de Lata a 11 de Janeiro de 2009 às 00:47
E se aprenderes com isso?Com esse amor não correspondido... E se de alguma forma te ensinar a ser melhor numa próxima?

De marazul a 11 de Janeiro de 2009 às 16:19
O problema é que os amores não correspondidos não nos ajudam a tirar elações construtivas, mas a termos medo de encontrar em cada esquina relações semelhantes… Falo por mim, eu não podia ter sido melhor, a outra pessoa é que o podia ter sido, construindo por exemplo uma amizade com a pessoa que lhe dava importância… Os amores ñ correspondidos são solitários, idealistas, melancólicos, difíceis de esquecer…apenas servem para andarmos à procura de razões porque acontecem… E digo-te mais, hoje em dia vejo imensas pessoas a correr atrás de quem não lhes dá o mínimo de valor, de quem as trata como gato e sapato, de quem sai com elas porque ñ tem nada melhor para fazer… A minha perspectiva de amor ñ é muito optimista mas isso deve-se exactamente ao meu único grande amor ter sido não correspondido nem dele ter sobrado uma singela amizade… Contudo, gosto da perpectiva de amor que apresentas nos teus posts, digamos que era a minha visão antiga de amor…um bom fim de semana

De Homem de Lata a 11 de Janeiro de 2009 às 22:45
No entanto, se não tivesses vivido esse amor não correspondido esta conversa nem existiria. Já passei por esse melancolismo de amar sem reciprocidade e sei, talvez tão bem quanto tu, o quanto nos dói a alma sempre que fazemos o balanço mas ainda assim acho que, no meu caso, a experiência me solidificou e amadureceu. Compreendo que daí advenha um receio de tornar a repetir os mesmos erros e de sofrer novamente, eu próprio também sinto, mas não será isso a fazer-me não acreditar... Se o fizesse aí sim todo esse tempo dedicado sem nada em troca, não teria tido sentido e hoje em dia sofreria muito mais. Não deixes de te envolver porque já te escaldaste. Não culpes o próximo pelo erro do anterior pois podes perder a tua oportunidade. Agora também te digo, prudência é o caminho a adoptar. Quanto a mim irei tentar seguir os meus próprios conselhos...

De marazul a 12 de Janeiro de 2009 às 22:47
Gostava de ter a tua confiança nesse assunto... A verdade é que não gostei de o ter vivido e dava tudo para tal como no filme "Eternal sunshine of spotless mind" me fosse apagado da memória. Nunca me teria condicionado, teria seguido em frente rapidamente...Assim fiquei presa ao passado, certa melancolia de facto e melhor, melhor que isso foi no fim saber que o fiz por uma pessoa que me disse que lhe era indiferente! Não sei se será só prudência ou ter aliado o factor sorte... Gosto da tua forma de escrever, devias escrever um livro... boa noite

De Homem de Lata a 12 de Janeiro de 2009 às 23:08
Sabes que o maior dom que temos é estarmos vivos? Por isso não fales como, se o amanhã não existisse, se as tuas possibilidades fossem impossíveis e se nada fizesse sentido... Shakespeare dizia: Decora a tua alma, planta o teu jardim e não fiques à espera que te tragam flores...

De marazul a 13 de Janeiro de 2009 às 21:25
Sei que sim... mas é inerente ao ser humano nunca estar satisfeito... acho que plantei o meu jardim e esperei que me trouxessem flores... Ela no filme arrependeu-se só pq ambos descobrem que gostavam um do outro, coincidência feliz... Contudo, sim, sou a favor de momentos menos felizes serem apagados, e acredito verdadeiramente que dessa maneira estaríamos bem melhor e em todos os aspectos... Eu sou difícil de convencer:P... Fica bem.

De Homem de Lata a 14 de Janeiro de 2009 às 22:23
Tenho a sensação de não te ter respondido a um comentário mas não o encontro. As minhas desculpas!

De marazul a 14 de Janeiro de 2009 às 23:29
Ora essa :P... comentário é do dia 13 de janeiro no teu post "hei-de sempre colher flores", em resposta ao arrepedimento no filme! um beijinho, fica bem

De Homem de Lata a 15 de Janeiro de 2009 às 00:08
E cá estou eu a debitar as últimas palavras da noite. Difícil de convencer mas fácil de amar, quase de certeza. Por isso pára de "lamber feridas" e dá a ti mesma a oportunidade de seres feliz. Chega de te castigares por um erro que não foi teu... estarei errado? Boa noite e beijocas.

De marazul a 16 de Janeiro de 2009 às 22:19
Não sei até que ponto não foi meu... nós é que escolhemos gostar de pessoas que ñ o merecem... é inevitável não nos perguntarmos porque nos tinha que acontecer a nós...eu leio os teus textos, vejo no mundo real e imaginário relações que dão certo, que são recíprocas ou então que ficam retribuídas com amizade e eu nem isso tive... e nem é lamentação, é constatação, saber que merecia mais e melhor, que perdi muito mas muito tempo com uma pessoa que não valia a pena... E porquê? Porque fui idealista, não estava em mim, não tinha consciência que devemos apenas gostar de quem demonstra claramente gostar de nós... Não devia ter arranjado desculpas para cada coisa que ele fazia e que eu não gostava... Não me devia ter simplesmente dado... E o que me deixa triste, é isso me ter modificado, ainda que não quisesse... Boa noite

De Homem de Lata a 18 de Janeiro de 2009 às 14:41
Ninguém escolhe de quem gosta. O amor não é uma escolha, é uma circunstância, um sentimento, um estado de alma. Beijos.

De marazul a 18 de Janeiro de 2009 às 15:59
Concordo, mas tb temos que sr racionais quando devamos e não deixar as emoções falarem mais alto! Temos que saber o que é melhor para nós, temos que gostar de nós primeiro, temos que largar o que não tem futuro! Thank you por todos os teus comentários! Acho que tu é que és fácil de gostar. Um dia vou gostar de ver o teu pretérito imperfeiro tornar-se presente. fica bem

De Homem de Lata a 19 de Janeiro de 2009 às 20:57
Concordo plenamente... Não tens que agradecer. Gosto de debater estes temas e se, de alguma forma, poder "ajudar" alguém no processo, tanto melhor. Pode parecer psicologia barata mas é apenas a minha forma de ver e sentir as coisas. Obrigado pelo que disseste e beijos grandes.

De marazul a 19 de Janeiro de 2009 às 22:03
Acho que é de elogiar essa tua capacidade...Eu tb gosto de as debater, mas acabo por pensar demais!

De Homem de Lata a 19 de Janeiro de 2009 às 22:50
Eu gostava de conseguir seguir os meus próprios conselhos sabes? Não são fáceis.

De Homem de Lata a 12 de Janeiro de 2009 às 23:51
E eu vi o filme, ela arrependeu-se... Boa noite!

De Paula a 8 de Janeiro de 2009 às 20:27
Boa noite...
Este blogue está nos meus favoritos pela beleza dos textos, pela poesia das palavras. Mas tenho andado a pensar que não devemos pensar tanto em algo que foi e não voltará. :o)

De Homem de Lata a 8 de Janeiro de 2009 às 21:02
Eu concordo plenamente, a vida segue o seu curso e, se por ventura, perdemos alguma coisa então temos de criar oportunidades para que alcancemos mais e melhor. Este blog trata-se de una homenagem a um sentimento e não de viver na sombra de algo que não existe. Eu próprio digo num outro texto, "Vive feliz com o que tens..." Beijo e obrigado pelo conselho.

De Carla a 8 de Janeiro de 2009 às 21:43
Um amor tão simples, mas que ao mesmo tempo transmite tantas energias, partilha tantos sonhos e realidades comuns... Um amor de coração cheio..

De Homem de Lata a 8 de Janeiro de 2009 às 21:50
Acho que no amor não há meios termos, ou se ama ou não. Quando amamos alguém temos até vontade de encher dois corações, o nosso e o da pessoa amada...que também é nosso!:-) Obrigado pela visita . Beijos

De Artemisa a 8 de Janeiro de 2009 às 22:03
Há muito tempo que não lia uma coisa tão bonita, genuína, sincera. Quase saltou uma lagrimazita, sabes? Vai comigo para a coluna dos favoritos! ;)

Um beijinho*

De Artemisa a 8 de Janeiro de 2009 às 22:03
Oooohh... Não dá para favoritar... :(

De Homem de Lata a 8 de Janeiro de 2009 às 22:10
Ainda não tinha reparado nesse pormenor, peço desculpa. Resta-me agradecer o que disseste pois para mim é um grande elogio despertar sentimentos tão profundos nas pessoas . Beijo e obrigado

De Carla a 8 de Janeiro de 2009 às 22:06
:) continuo a achar que, apesar de ser um sentimento tão puro e tão verdadeiro, a realidade é que é muito difícil vivenciá-lo na sua total amplitude, é bonito descrevê-lo e pensar sobre ele... mas não é fácil vivê-lo...

De Homem de Lata a 8 de Janeiro de 2009 às 22:13
Concordo mais uma vez. O amor exige esforço, dedicação, trabalho...e amar é não termos receio de termos que o fazer sempre! No entanto, sei que não é fácil mas não são as dificuldades que me desanimam...

De ónix a 9 de Janeiro de 2009 às 21:58
Maravilhoso e tocante... nada mais me ocorre...desculpa a ousadia mas vou adicionar-te

De Homem de Lata a 9 de Janeiro de 2009 às 22:04
Olá, muito obrigado pelos elogios, deixam-me muito contente! Estás à vontade:-) Bjs

De Em Fá Sustenido a 9 de Janeiro de 2009 às 22:33
Só tu para escreveres tremenda declaração de amor.
Como se não fosse tudo ainda és "doido" ..

Sabes que serás sempre o meu clark ! : )

De Homem de Lata a 9 de Janeiro de 2009 às 22:42
Ah Ah Ah. obrigado, és uma moça muito simpática:-)

De Saltita a 10 de Janeiro de 2009 às 13:56
Lindo.
Só o amor, correspondido ou não, justifica a existência. Quem não sabe disso ou é verdadeiramente "doido" ou unca amou e essa sim é a mais triste realidade.

De Carolina a 11 de Janeiro de 2009 às 17:06
Dou em mim a pensar ''mas.. o que aconteçeu?''
Este texto tocou-me. Tal como todos os teus textos.. tocam-me de uma forma tão leve! Não deixes de escrever nunca!

 
Posts mais comentados
71 comentários
46 comentários
44 comentários
41 comentários
38 comentários
37 comentários
37 comentários
31 comentários
RSS