Ouvir chover.
("...Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar...").
Sonhei contigo…Era de noite e não sei porquê emprestei-te o meu carro. Para teu azar foste bater com ele num outro carro e foi então que me ligaste a chorar porque tinhas tido um acidente. Quando lá cheguei vi que não era nada de mais, que estavas bem e logo ali fiquei contente pois só tu me preocupavas. Fui em direcção a ti e foi naquele momento que me abraçaste e nem percebi porquê. Talvez por estares nervosa, triste ou apenas para não teres que pagar o arranjo :-). Não fazia ideia e nem queria saber, simplesmente porque era o meu abraço e não ia desperdiça-lo a pensar no que quer que fosse. Durante segundos senti que o tempo tinha parado à nossa volta e que era ali o meu lugar. Passei-te a mão no cabelo, olhei para ti como se te conhecesse há décadas, limpei-te as lágrimas e fomos resolver todas as burocracias inerentes a qualquer acidente. Enquanto o fazíamos, não reparei que escrevias qualquer coisa de nada no meu telemóvel e depois de tudo tratado e de teres acalmado um pouco, despedimo-nos com tanto de palavras como daqueles silêncios que nos são característicos. Fui para casa com o coração tão amachucado como o meu pára-choques porque, até em sonhos, sabia que não era possível nada mais porque, até em sonhos, sabia que as músicas nos mentem quando nos dizem "eu sei, tudo pode acontecer" mas no caminho só pensava em ti, em nós. Nesse momento resolvi ver as horas para saber quanto tempo faltava para te ver de novo e peguei no telemóvel. Quando o desbloqueei vi que estava escrito no visor, num pequeno grande SMS " Obrigada, amo-te. Beijos de chocolate". Fiquei tão contente. Queres saber que horas eram? O relógio parou nas 22:41, a hora em que me abraçaste... Foi apenas um sonho, mas sabes que mais? Quando acordei a boca sabia-me a chocolate.
Lembras-te como nos fartávamos de rir no caminho para casa? Eu nunca me irei esquecer. Demorávamos imenso a chegar pois havia sempre tempo para mais um sorriso, para mais um olhar. Sempre conseguiste fazer-me rir como se cada dia fosse uma prenda e em troca, a minha prenda para ti foi amar-te sem fim. Amei-te todas as vezes que me sorriste e sorri-te sempre, até mesmo quando nunca me amaste. Mas que fazer? O amor não é uma vontade e os beijos não são deveres. Embora eu pensasse que me devias amar, porque afinal até gostávamos das mesmas músicas e parecíamos ter o mesmo reflexo no espelho, hoje compreendo que não pudesses. Compreendo que os abraços não são muralhas e que os momentos que vêm, também vão, e tu foste. No entanto, isso não me fez amar-te menos, não me fez não gostar do teu perfume nem tão pouco esquecer o cheiro do teu cabelo pela manhã. Cheirava a companhia, a ternura, a conversa. Cheirava a confiança, a carinho, cheirava a amizade. Devolves-me isso?Agora que a vida já me explicou que os momentos vêm e vão, estou à espera que voltes… Onde? No caminho para casa. Costumo ir lá para rir sozinho mas acabo sempre por chorar.
Hoje trago-vos uma questão que me tem intrigado. De certeza que, tal como eu, todos vós já viram aquela anúncio onde o Nuno Delgado, de acordo com o Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, nos aconselha o consumo de margarina. Ora eu e muitos outros corações de manteiga, espalhados por este mundo fora, vivemos agora uma crise de identidade. Que será de nós a partir daqui? Corações de margarina? Afinal porquê margarina? Se também és coração de manteiga manifesta aqui a tua preocupação, com todos aqueles que amam até que o coração se derreta.
Sabes que mesmo o fogo que arde sem se ver, queima e deixa marcas? Não brinques com o fogo, não brinques com o amor e vê se páras de me queimar pois quem brinca com o fogo, tem de se saber brincar e quem brinca com o amor, tem de saber amar...
Fazes-me sentir um livro aberto... Um livro que sabes de cor e onde, ao virar de cada página, deixaste a tua marca com os dedos que levavas à boca, como que a beijar-me em cada momento da minha vida. Porque decidiste ler-me? Eu que sou um livro de capa tão rija, com folhas já meio rasgadas pelo tempo e envelhecidas pelo pó? Eu que já estava habituado ao meu lugar cativo, na prateleira dos não lidos? Sinceramente, não sei, não faço ideia e até confesso que me assusta um pouco. Já houve quem tentasse ler-me e, simplesmente, não continuou! Serei assim tão má literatura? Penso nisso vezes sem conta. Talvez a minha linguagem não seja acessível ou talvez a minha sintaxe seja demasiado complicada, não sei. Tenho alguns erros, é verdade e em alguns capítulos sou confuso, mas não são assim todos os livros? Assumo que a minha impressão não é das melhores e que nem sequer sou desses ilustrados, onde se percebe tudo mais facilmente, mas acho que sou um bom livro. Será que o problema é mesmo a história? Talvez seja demasiado lamechas, afinal já ninguém gosta de romances e compreendo que já ninguém queira chorar de amor. Pretendes continuar a ler-me? Queres chorar de amor? Aviso-te que não há nada pior do que deixar um bom livro a meio.
O meu blog faz um mês por isso espero que, durante o dia de hoje, apareçam e tragam convosco os vossos desejos mais profundos para que na altura de soprar as velas, todos se realizem. Um obrigado sincero a quem me visita, um carinho especial por quem me lê.
Hoje cruzei-me contigo, sinto que me viste pois olhaste para trás como se tivesses encontrado alguém que conheces há muitas vidas. Sem quereres esbarraste com aquela miúda loira que vinha do outro lado da rua, deixando cair as coisas que trazias contigo. Quis ajudar mas Já não fui a tempo, a miúda loira que vinha do outro lado da rua, apressou-se logo a apanhar-te a mala, o telemóvel e um livro do qual ainda guardo o título “E quando o amor nos passa ao lado?”
Magoa-me se for esse o preço de me amares também!
Também acordas de manhã, como se faltasse uma parte de ti mesma? Também sabes que eu existo? Também não sabes onde estou? Não sei onde estás, mas sei que vemos todos os dias o mesmo pôr-do-sol. Amanhã, quando o sol cair, talvez nos encontremos, quem sabe? Saio todos os dias de casa perguntando-me se já nos cruzámos na rua, se fazemos compras no mesmo sítio ou se gostamos dos mesmos chocolates. Compro sempre um diferente para ter a certeza de que já provei aquele de que mais gostas. Sou muito tolo não sou? Costumo circular na rua, sem rumo, sem destino, esperando que uma daquelas ruas seja a tua, esperando que, por detrás de uma daquelas janelas, me vejas passar mas se calhar, nesse exacto momento, estás na minha rua e eu não sei. Acho que já entrei em sítios onde estiveste. Se calhar até foste tu que esbarraste comigo, à porta daquela livraria onde, tantas vezes, pensámos um no outro. Provavelmente, até já fomos ao cinema juntos e ficámos na mesma fila, quem sabe? Fomos ver um daqueles filmes de que gostamos os dois. Nada demasiado comercial, nem tão pouco que toda a gente conheça. Um filme tão diferente que é quase só nosso. Comeste pipocas? Acho que sim. Ambos sabemos que és gulosa, embora digas que não é defeito é feitio. E eu gosto desse teu feitio, mesmo sabendo és um pouco rabugenta ao acordar. Também acordas de manhã como se faltasse uma parte de ti mesma? Também sabes que eu existo? Também não sabes onde estou? Não sei onde estás, mas sei que vemos todos os dias o mesmo pôr-do-sol. Será que neste momento estás na minha rua e eu não sei? Amanhã, quando o sol cair, talvez nos encontremos.