Ouço-te quando falas, leio-te quando escreves. Não por seres a pessoa que escolhi para mim ou por nutrir por ti este sentimento mas sim porque considero que nas tortas linhas da minha vida faltava alguém que escrevesse certo. Gosto do que dizes, da forma como o dizes, gosto de quem dizes e demonstras ser. Há já algum tempo li, num livro, que jamais devemos amar alguém com quem não gostemos de conversar, não é o nosso caso pois não? Acho que nos entendemos – muito bem até – seja em que situação for. Partilhamos olhares, sorrisos e outras formas de interesse. Quem sabe? Podem estar reunidas as condições para o amor. – Será que sim? Pergunto-me eu, constantemente, e o meu coração, o sentimental, responde-me mas a minha cabeça – acho que bastante mais complicada - insiste em não entender. Faz-se de parva, a racional, porque talvez lhe seja mais fácil deixar os sentimentos para o outro já habituado a essas coisas imensuráveis, subjectivas, a essas coisas… pouco seguras que a razão descura e o coração conhece. - Será que sim? Pergunto-me eu novamente e o coração bate mais rápido apressando-se a responder mas a cabeça não quer saber. Acho que é porque a cabeça entende o que o coração subentende. Que ele sabe pensar sozinho ao contrário de si, pobre e triste racional, que jamais conseguirá sentir. E assim se reúnem as condições para o amor. Será que sim?